segunda-feira, dezembro 18, 2006

DESIGUALDADES, SEMPRE AS TEREIS...

É como a estória do evangelho em que o mendigo se alimenta das migalhas que caem da mesa do rico. É uma reflexão para o Natal. O mundo é desigual, não só entre as nações como dentro delas. O recente relatório da ONU, publicado no dia 05 de dezembro, em Helsinque, onde a instituição mantém a Universidade das Nações Unidas, é muito revelador. As rendas per capita nacionais precisam ser muito altas para se ter uma boa qualidade de vida para as populações. É que nestas rendas médias estão embutidos os altíssimos rendimentos dos lucros corporativos concentrados em alguns megas investidores e detentores de capital. Esses pontos fora da curva ficam tão acima que influenciam o traçado e a posição da curva de renda per capita. Vejamos alguns números do relatório. Apenas 499 pessoas no mundo tem patrimônio superior a 1 bilhão de dólares americanos, o que contribue para que 1% da humanidade aproprie 40% da riqueza global. E mais, 50% d0 patrimônio mundial pertence a apenas 2% da população.

É um vasto contingente de bilhões de pessoas assistindo, de longe, o espetáculo propiciado por uma minoria que objetivamente puxa os cordões. Ainda segundo o relatório, os 50% mais pobres ficam apenas com 1% do bolo. Para calcular é só dividir US$460 bilhões por 3,2 bilhôes de pessoas. Menos de 150 dólares por ano, em torno de 30 reais por mês, 1 real por dia para metade da humanidade.

As nações ricas conseguem oferecer uma média decente de qualidade de vida às populações simplesmente porque produzem muito, são muito empreendedoras. E mesmo concentrando sua riqueza na mão de poucos, ao produzir muito, a renda que sobra para o povão dá conta de uma vida decente. Veja a Alemanha, onde eu estive recentemente: 10% dos alemães apropriam 47% da produção e dos bens nacionais. Mas sobram ainda US$ 1,3 trilhão para as restantes 73 milhões de pessoas, o que propicia uma renda individual média de quase 20 mil dólares por ano. Decentíssima. Neste sistema, aos ricos cabem a manutenção do ritmo de investimentos e o financiamento do estado em troca de juros reais. Quando se tem muito, isso vira uma bola de neve.

Resultado: há que crescer a produção. Não se pode perder tempo nem oportunidade, tem que crescer. Se aquí no Brasil quisermos tirar os flanelinhas das sinaleiras, os meninos das ruas, melhorar a segurança pública, sermos mais limpos, mais silenciosos e vivermos com mais decência, só nos resta produzir cada vez mais. Não se preocupe, o mundo é concentrado mesmo, até nos países ricos. Tem-se que produzir muito para que as sobras melhorem a qualidade de vida de todos. Nisso aqui a ideología faz muito pouco. O segredo é produzir muito mesmo.

Aprendí com o sábio Bruno Hartmut Kopittke que as nações ricas são uma constelação de poucas estrelas.

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