sexta-feira, novembro 26, 2010

Mestrado


UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E ENSINO DE PÓS-      GRADUAÇÃO - PPG DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS – DCH - CAMPUS I PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO DO CONHECIMENTO E
DESENVOLVIMENTO REGIONAL - PGDR




Ana Paula Borges de Cerqueira
&
André Andrade












Pesquisa e tecnologia na Bahia: Parque Tecnológico, FAPESB, Universidades, FIOCRUZ, LACEN, BRASKEN, PETROBRÁS




















Salvador
10/2010

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E ENSINO DE PÓS-      GRADUAÇÃO - PPG DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS – DCH - CAMPUS I PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO DO CONHECIMENTO E
DESENVOLVIMENTO REGIONAL - PGDR




Ana Paula Borges de Cerqueira
&
André






Pesquisa e tecnologia na Bahia: Parque Tecnológico, Universidades, FAPESB, FIOCRUZ, LACEN, BRASKEM PETROBRÁS
Trabalho apresentado para avaliação na disciplina de Gestão do Conhecimento nas Organizações, do curso de Mestrado em Políticas Públicas e Gestão do Conhecimento e Desenvolvimento Regional, da Universidade Estadual da Bahia, ministrado pelo Prof. Laerton de Andrade Lima.














Salvador
10/2010
Resumo

O trabalho ora apresentado traz um panorama no âmbito das pesquisas e tecnologias na Bahia, tendo como vertentes o Parque Tecnológico, Universidades, FAPESB, FIOCRUS, LACEN, BRASKEM e PETROBRAS. Existe um vasto campo de instituições que estão investindo em pesquisa e tecnologia na Bahia, neste trabalho destaca-se a atuação da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia – Secti, os investimentos do governo no Centro Vocacional Tecnológico Territorial – CVTT em Tancredo Neves e no Centro de Educação Científica de Serrinha. Em um breve histórico são relatados os passos para implantação do Parque Tecnológico e sua atual situação. São apresentadas algumas das instituições parceiras, da Universidade Federal da Bahia e da Universidade Estadual da Bahia, no tocante a pesquisa e tecnologia. Além de um relato a cerca da origem e atuação da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia – FAPESB, da Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ ou Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz – CPqGM, do Laboratório Central – LACEN, da BRASKEM e da PETROBRAS.  
Palavras - chaves: Bahia – pesquisa – tecnologia – desenvolvimento - instituição


Apresentação

O tema Pesquisa e Tecnologia na Bahia: Parque Tecnológico, Universidades, FAPESB, FIOCRUS, LACEN, BRASKEM E PETROBRAS, remete a uma gama de projetos e ações que a Bahia tem desenvolvido. Aqui serão apresentadas as instituições ora citadas focalizando as atenções sobre o que está sendo realizado na Bahia. Aborda em linhas gerais o histórico de criação e ou implantação dessas instituições, bem como sua situação atual no que se refere a parcerias, investimentos e ações desenvolvidas.
Os investimentos que tem sido feito, bem como as expectativas em relação aos resultados e as possibilidades favoráveis às novas descobertas e aprimoramento dos conhecimentos adquiridos ao longo do processo das experiências realização nos Centros de Pesquisa com equipamentos tecnologicamente avançados.
Assim sendo o trabalho abre uma pequena porta para que o pesquisador possa analisar alguns pontos que sejam viáveis às suas expectativas em relação ao que está acontecendo no âmbito da pesquisa e tecnologia  na Bahia.




Pesquisa e Tecnologia na Bahia
A Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia – Secti realiza uma articulação com a comunidade científica, e pela participação da sociedade civil organizada para que o debate sobre a CT&I chegue ao interior e vá além das fronteiras do meio acadêmico e empresarial. Sua atuação está presente junto às tecnologias de ponta, e às tecnologias sociais, que proporcionam inclusão, a exemplo do Cidadania Digital (Programa de Inclusão Sociodigital do Estado da Bahia).  O trabalho da Secti tem contado com a parceria de outras entidades dos governos estadual, federal e municipal, empresariado, universidades, centros de pesquisas e a sociedade civil organizada. A articulação de atores com importantes papéis para o desenvolvimento científico e tecnológico, bem como a ação direta de fomentar iniciativas inovadoras ou popularizar as ciências estão entre as linhas de atuação da Secretaria.
Nessa perspectiva o Governo do Estado investiu R$ 329 mil para implantar o Centro Vocacional Tecnológico Territorial – CVTT, voltado para a mandiocultura em Tancredo Neve, situado na Casa Familiar Rural de Tancredo Neves, no Km 15 da Rodovia BR-101 a 251 km de Salvador, no Território do Baixo Sul, com uma população de quase 24 mil habitantes e uma economia que depende da pesca, do turismo e, principalmente, da agricultura. O CVTT já realizou até agora 50 análises de solo e da água, beneficiando indiretamente 150 famílias de pequenos agricultores.  O desempenho se deve ao início das pesquisas no laboratório equipado com instrumentos que permitem conhecer em detalhes as características de qualquer terreno e, também, a qualidade da água disponível.
Antes do laboratório, os agricultores de Tancredo Neves eram obrigados a enviar material para análise do solo e da água para São Paulo, dividindo-se em grupos de dez para ratear os custos. Agora, as análises podem ser feitas no município, o que representa uma economia de custos e de tempo. Além das primeiras análises foram comprados reagentes químicos, preparadas soluções e contratado um técnico em análise de solos. O técnico em laboratórios Tibúrcio Neto explica que a análise do solo “mostra exatamente qual o melhor adubo e que quantidade deve ser aplicada”. Segundo ele, “com a dose certa, o aumento da safra é garantido.
O CVTT, onde fica o laboratório, é um centro de formação em técnica agrícola associada ao Ensino Médio, financiado pela Fundação Odebrecht. Ele conta com salas de aulas, auditório, alojamento e, agora, o laboratório para que jovens da região sejam capacitados e aumentem a produção e melhorar a qualidade da mandioca.  Os CVTT são também um espaço onde a capacitação profissional estará aliada à pesquisa e à extensão tecnológica.
Uma das novidades no que se refere à Pesquisa e Tecnologia na Bahia é o Centro de Educação Cientifica de Serrinha, inaugurado no mês junho/10, no município de Serrinha, território de identidade Sisal, a 173 quilômetros de Salvador. O Centro foi concebido nos moldes do Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra – IINN-ELS, com a finalidade de promover a inclusão social de crianças e adolescentes da rede de ensino público do semi-árido baiano, por meio de conceitos e práticas básicas da ciência moderna. É a primeira unidade de formação científica para crianças e jovens da Bahia e leva a chancela do médico paulista Miguel Nicolelis, um dos mais renomados cientistas da atualidade. O centro receberá alunos a partir do sexto ano do Ensino Fundamental, no turno oposto ao das aulas. Tem capacidade para atender 400 alunos. A próxima seleção acontecerá em dois anos, depois que os primeiros alunos concluírem as oficinas de Ciência e Tecnologia, Ciência e Meio Ambiente, Ciência e Robótica, e Ciência e Arte. O centro é fruto de uma parceria entre o Governo da Bahia e a Associação Alberto Santos Dumont de Apoio à Pesquisa – ASSDAP, gestora da unidade.
A AASDAP foi criada em 2004, tendo como objetivo criar um ambiente multidisciplinar destinado a agregar competências nos principais setores da ciência moderna, visando o desenvolvimento de pesquisas de ponta em múltiplas áreas de conhecimento. Envolve-se com projetos de âmbito educacional, social e de desenvolvimento econômico, atuando, apoiando ou administrando projetos e programas que promovam o estabelecimento e manutenção de centros de excelência no desenvolvimento de pesquisas e do conhecimento no âmbito das ciências, no desenvolvimento social, no aumento de renda e no resgate da cidadania. Seu idealizador e principal articulador é o professor doutor Miguel Nicolelis, que é neurocientista brasileiro, radicado há quase duas décadas nos Estados, considerado um dos maiores pesquisadores do mundo. Lidera um grupo de pesquisadores da área de neurociência da Universidade Duke (Estados Unidos), onde desenvolve algumas das pesquisas mais importantes do mundo sobre o cérebro: as tentativas de integrar o órgão humano a máquinas (neuropróteses ou interfaces cérebro-máquina). Atuando na área de fisiologia de órgãos e sistemas, é responsável pela descoberta de um sistema que possibilita a criação de braços robóticos controlados por meio de sinais cerebrais. O trabalho está na lista do Instituto de Tecnologia de Massachusetts – MIT sobre as tecnologias que vão mudar o mundo. A pesquisa que pode levar à cura do mal de Parkinson colocou o brasileiro como forte candidato ao prêmio Nobel.
O governo estadual destinou R$ 5 milhões para a implantação integral do projeto e sua operacionalização pelo período de 18 meses, depois disso a unidade será autossustentável, além de ceder o prédio que o abriga. A instalação do Centro de Educação Científica está em sintonia com a meta do Estado de interiorizar as ações de ciência e tecnologia. A unidade terá ainda um Centro de Formação Continuada para o intercâmbio de conhecimentos entre os professores da instituição e os docentes da rede pública de ensino, além de um laboratório de informática com 26 computadores. Ainda como parte da estrutura do Centro de Educação Científica, funcionará em Feira de Santana o Instituto de Biotecnologia e Bioprospecção do Semiárido, para dar suporte aos pesquisadores. Para concepção do Cento de Educação Cientifica de Serrinha foram realizados estudos científicos, de gestão e negócios, que diagnosticaram as vocações regionais, as possibilidades de estabelecimento de parcerias e contatos e a definição da estratégia científica a ser adotada pelo Instituto de Biotecnologia e Bioprospecção.

Parque Tecnológico
Os primeiros passos para que a Bahia tivesse um Parque Tecnológico foram dados em 2002, com a realização de um estudo para apontar soluções que dinamizassem a economia de Salvador. Com a recriação da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação, em 2003, começaram as discussões para a implantação do Parque Tecnológico, sendo que o levantamento para apontar a área ideal para o empreendimento foi iniciado em 2004. Depois de uma emenda suprapartidária da bancada baiana, o projeto começou a ser elaborado com a articulação dos governos federal, estadual e municipal – todos de correntes políticas concorrentes. A decisão para que o terreno fosse doado foi tomada pelo município em 2006, mas aprovada pela Câmara Municipal em outubro de 2007. Em 2008, foram iniciadas as obras de infra-estrutura e, em 2009, o Tecnocentro começou a ser erguido. Em 2010, as duas estruturas serão entregues e serão licitadas novas fases da unidade.
Concebido para criar, atrair e desenvolver empresas e projetos criativos e inovadores o  Parque Tecnológico de Salvador está com seu sistema viário público, resultado de um investimento de R$ 11,6 milhões, em fase de conclusão. O sistema foi bem planejado e terá grande parte do piso intertravado para evitar inundação na área em caso de chuva e tubulações.
O primeiro prédio do complexo já está sendo erguido. O Parque está sendo construído em uma área de 580 mil metros quadrados, para esta fase. Somente o Tecnocentro demandará um investimento de R$ 40 milhões. Há uma maquete do empreendimento na sede da SECTI, responsável pela execução da obra, no Edifício Suarez, na Av. Tancredo Neves, em Salvador.
Até agora, já foram captados recursos em três oportunidades com o Ministério da Ciência e Tecnologia, somando um total de R$ 45,42 milhões. A SECTI se prepara para licitar outros equipamentos que farão parte do complexo. Estão em fase avançada de negociação as instalações de empresas e instituições de ensino, como Portugal Telecom Inovação, Ifba, UFBA, Unifacs e Instituto do Recôncavo. Outras empresas, inclusive de fora do país, já demonstraram interesse em instalar unidades no Parque Tecnológico e estão sendo preparados protocolos de intenção neste sentido.
A Perspectiva é que o Parque Tecnológico de Salvador possa dar novos contornos à economia do Estado, numa transformação equiparada àquelas ocorridas com o Pólo Industrial de Camaçari, na década de 70, ou com a da Refinaria Landulpho Alves, na década 50. Porém, com o diferencial de agregar os valores do desenvolvimento sustentável e da pesquisa científica, gerando empregos para profissionais qualificados com salários acima da média atual do mercado e trazendo novos produtos e serviços para a comunidade. O Parque Tecnológico de Salvador vai abrigar um consórcio de pesquisas universitárias, incubadoras e empresas de base tecnológica.
O Governo do Estado da Bahia assinou um convênio com o Fraunhofer Gesellshaft, conglomerado alemão de 58 institutos de pesquisa, para criar um centro de pesquisa no Parque Tecnológico. O centro reunirá entre 20 e 30 pesquisadores dos dois países que atuarão nas áreas médica, industrial, automotiva, de energia, de governo eletrônico e telecomunicações. Segundo o presidente do Fraunhofer Gesellshaft, Hans Bullinger, a instituição procura desenvolver produtos inovadores capazes de solucionar problemas em diversos setores da economia, como energias renováveis, materiais de construção resistentes a ataques terroristas, próteses com células troncos, tratamento de efluentes líquidos e sistemas de controle inteligente, dentre outros.

Universidades
Há mais de um século começaram na Bahia as pesquisas sobre os escravos trazidos da África nos navios negreiros. O Centro de Estudos Afro-Orientais – CEAO que é um órgão suplementar da Faculdade de Filosofia e Ciência Humana – FFCH da Universidade Federal da Bahia – UFBA, voltado para o estudo, à pesquisa e ação comunitária na área dos estudos afro-brasileiros e das ações afirmativas em favor das populações afro-descendentes, bem como na área dos estudos das línguas e civilizações africanas e asiáticas. Foi criado em 1959, concebido como um canal de diálogo entre a universidade e a comunidade afro-brasileira, por um lado, e entre o Brasil e os países africanos e asiáticos, por outro. Desde Nina Rodrigues, inúmeros cientistas estudaram a evolução e a problemática dos negros, um tema fundamental, tendo em vista a presença majoritária dos afro-descendentes na cidade de Salvador. Nesse sentido destaca-se a importante contribuição de Arthur Ramos, Édison Carneiro, Pierre Verger, Luiz Viana Filho, além de outros pesquisadores, bem como os trabalhos de pesquisa do CEAO. A manutenção desta tradição é o traço que o identifica no presente e que orienta a sua ação para o futuro.
Por iniciativa da UFBA foi criada em 1980 a Fundação de Apoio à Pesquisa e à Extensão - FAPEX, com a colaboração de quatro grupos empresariais baianos: Norberto Odebrecht, Paes Mendonça, Banco Econômico e Barreto de Araújo. A FAPEX surge com a proposta de tornar mais ágeis e flexíveis as atividades de Pesquisa e Extensão, apoiando a Universidade Federal na realização de seus projetos. Em sua atuação, a FAPEX participou de projetos fundamentais para o progresso da sociedade brasileira, o que a torna referência no apoio à pesquisa e à extensão de diversas instituições de ensino superior da Bahia e do Brasil.
 O Centro de Pesquisas e Desenvolvimento - CEPED está integrado à estrutura da UNEB como Órgão Suplementar, propiciando uma atuação sinérgica entre as duas entidades quanto à promoção do conhecimento por meio do intercâmbio de saberes, do estímulo à pesquisa científica, da ampliação e divulgação dos trabalhos à comunidade científica em geral. Atualmente, tem por finalidade a realização de estudos e pesquisas científicas e a prestação de serviços tecnológicos especializados em diversas áreas como Desenvolvimento de Projetos Tecnológicos; Ensaios Químicos e Microbiológicos; Ensaios Físicos; Ensaios Ambientais; Calibrações; Informação Tecnológica; Incubação de Empresas.
A Universidade do Estado da Bahia – UNEB teve aprovados pelo Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT, cerca de R$ 5 milhões para investir no desenvolvimento da pesquisa científica da universidade até o ano de 2012. A quantia é oriunda de editais apresentados e vencidos pela Pró-Reitoria de Pós-Graduação da universidade com a Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP, do MCT. Os recursos serão investidos na melhoria da infra - estrutura de pesquisa dos campus I (Salvador), III (Juazeiro) e VIII (Paulo Afonso). Do montante conseguido, R$ 3 milhões foram conquistados no mês de setembro. Essa verba será investida nas áreas de química, agronomia e biologia, com compras de aparelhos que atenderão a diversos cursos da instituição, a exemplo do microscópio eletrônico de varredura (MEV). Para a ampliação dos programas de pós-graduação, está reservado pouco mais de R$ 1,9 milhão. Parte da quantia será destinada à modernização do Centro de Pesquisa em Ecologia e Conservação da Natureza (Casulo) do campus VIII. A outra parte vai para a criação de cinco novos laboratórios no campus III, nas áreas de cultura de pesquisas, fisiologia vegetal, biologia molecular, pós-colheita e microbiologia do solo.

FAPESB
A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia – FAPESB, instituição de direito público, foi criada em 27 de agosto de 2001, através da Lei Nº 7.888, com o objetivo de estimular e apoiar o desenvolvimento das atividades científicas e tecnológicas do Estado. A Lei N° 8.414, de 02 de janeiro de 2003, vincula a FAPESB à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação – SECTI. A instituição é constituída por um Conselho Curador, Diretoria Geral, Científica, Inovação e Administrativa. O Conselho é composto de 12 membros, que representam as Universidades, Centros de P&D, Setor Empresarial, Comunidade Acadêmica e Governo Estadual. Integrada às ações realizadas pelas Fundações similares nos demais Estados da Federação e orientada pela Política de Ciência Tecnologia e Inovação para o Estado da Bahia.
A FAPESB vem buscando a inserção plena da ciência e da tecnologia na solução de problemas econômicos e sociais que afetam o desenvolvimento sustentável da economia baiana. A Fundação acredita que o estímulo à capacitação tecnológica e a ampliação do capital intelectual são os principais vetores do desenvolvimento econômico e da elevação do nível da qualificação de vida da população. De acordo com o edital 027/2010 o Apoio à Organização de Eventos Científicos ou Tecnológicos tem por finalidade destinar-se a apoiar, parcial ou integralmente, a organização de evento de reconhecida relevância científica e/ou tecnológica para o Estado da Bahia, coordenada por pesquisador (es) vinculados a universidades, instituições de Ensino Superior, centros de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, associações ou sociedades científicas localizados na Bahia.

FIOCRUZ
O Núcleo de Pesquisas da Bahia - NEP foi criado no ano 1957 através de um convênio entre o Instituto Oswaldo Cruz - IOC, posteriormente Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ, o Instituto Nacional de Endemias Rurais - INERU e a e a Fundação Gonçalo Moniz, com a finalidade de estudar endemias parasitárias no estado da Bahia. Em 22 de maio de 1970, através do Decreto 66.624, o NEP foi incorporado à FIOCRUZ e passou a ser denominado de Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz – CPqGM. Em 27 de outubro de 1980 o CPqGM ganhou o status de Unidade Técnico-científica da Fundação Oswaldo Cruz. Em Janeiro de 2006 foi implantado o Núcleo de Inovação Tecnológica – NIT Cumprindo as determinações da Lei de Inovação (Lei 10.973/2004), a qual orienta todos os institutos públicos de pesquisa a incorporarem, em suas estruturas organizacionais, núcleos de inovação tecnológica. Atualmente, o CPqGM vem desenvolvendo diversas ações na área biomédica, de ensino, de serviço de referência em saúde, em informação em saúde e formação de recursos humanos para o SUS. Através dos seus programas institucionais, o CPqGM atua principalmente no estudo de doenças infecciosas e parasitárias, na realização de exames anatomopatológicos, além de abrigar dois cursos de pós-graduação stricto sensu em nível de mestrado e doutorado, através de um convênio com a UFBA.
O CPqGM está situado numa área de 16.000 m2 que abriga 05 grandes pavilhões onde estão localizados os seus 11 laboratórios, 01 Núcleo de Epidemiologia e Bioestatística, 01 Laboratório com Nível de Biossegurança III (Nb3), 01 Unidade de Microscopia Eletrônica, 01 Unidade de Histopatologia, 01 Biotério, 01 Biblioteca e o seu Prédio administrativo e de ensino. Um diferencial na estrutura do Centro é a utilização de áreas comuns para abrigar grandes equipamentos que são utilizados de forma colegiada pelos diversos laboratórios, otimizando assim, a utilização dos seus recursos.
Com base em um trabalho de pesquisa do CPqGM, a Fiocruz desenvolve teste rápido para diagnóstico de leptospirose. Os testes comuns exigem até 15 dias para apontar uma resposta. Quinze minutos é o tempo que um paciente deverá esperar para saber se está contaminado pela bactéria leptospira, o agente causador da leptospirose. Com o formato similar ao de um cartão de crédito, com 6,5cm por 5,0cm, facilita o transporte e o armazenamento do teste e amplia-se para 92% a chance de o diagnóstico estar correto. Desenvolvido no Laboratório de Patologia e Biologia Molecular (LPBM) do CPqGM, em parceria com as universidades de Cornell e da Califórnia, o teste diagnóstico funciona com procedimento semelhante ao de gravidez. Uma gota de sangue, extraída do dedo do paciente, é depositada no aparelho, aplica-se uma solução reveladora e a coloração rosa indica resultado positivo. A previsão é que o teste comece a ser produzido no final de 2010.

LACEN
O Laboratório Central de Saúde Pública Professor Gonçalo Moniz – LACEN-BA será campo de prática para elaboração de dois projetos piloto, no âmbito da descentralização das ações de vigilância laboratorial, junto à Rede de Consultores Internos em Tecnologia de Gestão do Estado da Bahia – RCI. A rede, que é uma iniciativa de gestão da Secretaria da Administração do Estado da Bahia - SAEB, formará consultores em quatro Tecnologias de Gestão – TG: Planejamento Estratégico e Balanced Scorecard; Elaboração e Gerenciamento de Projetos; Análise e Melhoria de Processos; Metodologia de Pesquisa de Satisfação. Entre os profissionais que estão desenvolvendo os projetos, o LACEN-BA conta com seis servidores, habilitados para três das quatro TG disponibilizadas. O processo de formação do consultor inclui capacitação e acompanhamento de práticas. O incentivo a pesquisa no LACEN/BA é coordenado e acompanhado pela Comissão Técnica e Científica – CTC. A CTC foi criada através da Portaria Interna n° 001/03, da Diretoria Geral, é uma instância de natureza consultiva, normativa, educativa e deliberativa vinculada à Coordenação da Qualidade.
BRASKEM
Quando os grupos Odebrecht e Mariani integraram seus ativos petroquímicos à Copene Petroquímica do Nordeste S.A., antiga central de matérias-primas petroquímicas do pólo de Camaçari, na Bahia. Os dois grupos uniram suas empresas petroquímicas criando a Braskem, a primeira petroquímica integrada do país, isto é, que combina operações da primeira e da segunda geração da cadeia produtiva do plástico, em uma única empresa. A primeira geração é responsável pelo ciclo de negócios ligados à produção de matérias-primas básicas como eteno, propeno e cloro, fundamentais para a segunda geração, que cuida das resinas termoplásticas. Por estar integrada na cadeia produtiva, a Braskem tem grandes vantagens competitivas, como escalas de produção e eficiência operacional. Atualmente, a Braskem produz mais de 15 milhões de toneladas/ano de resinas termoplásticas e outros produtos petroquímicos.
            A Braskem investiu cerca de R$ 200 milhões na Bahia, além dos R$ 100 milhões aplicados nas duas novas plantas, que produzirão ETBE, um bioaditivo para a gasolina produzida a partir de matéria-prima renovável com capacidade total de produção anual 212 mil toneladas do produto. Desse valor, R$ 50 milhões estão sendo aportados na modernização e expansão da capacidade produtiva da fábrica de PVC, e R$ 22 milhões já foram investidos na construção da Adutora Santa Helena, em parceria com a Embasa. O restante do valor está provisionado para a modernização e atualização tecnológica das unidades produtivas da empresa na Bahia. A Braskem está sempre buscando ampliar mercados e fidelizar seus clientes por meio do desenvolvimento de novas resinas e alternativas de uso para o plástico.
A Unidade Petroquímicos Básicos, da Braskem efetuou uma parceria com a Universidade Salvador (UNIFACS) que instalou, em regime de comodato, uma unidade de bancada para testes catalíticos, dotada de um reator tipo Berty e todos os sistemas periféricos, que possibilita a seleção de catalisadores industriais de melhor desempenho para a aplicação em algumas plantas de aromáticos da Unidade de Petroquímicos Básicos. E para a montagem de uma unidade piloto de gaseificação de biomassa, a Braskem detém uma parceria com a Universidade Federal da Bahia.

PETROBRAS
As pesquisas na Bahia foram reforçadas com a inauguração das instalações da Universidade da Petrobras no Edifício PAF 2, no Pavilhão de Aulas da Federação da UFBA.  O prédio vai ser utilizado para a capacitação de empregados da Petrobras, aproximando a empresa da universidade. Segundo o reitor da UFBA, Naomar Almeida, o prédio do PAF 2, com 15 salas de aula, estava com as obras paralisadas e foi terminado com recursos da Petrobras, que vai ter direito de uso por comodato por um período de 10 anos. Para ter este direito, a empresa investiu também na recuperação do prédio do PAF 3, com 46 salas de aulas, de uso exclusivo da UFBA. O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, lembrou que a Petrobras está treinando no estado, até 2013, 243 mil pessoas para trabalhar na cadeia de suprimento que atende ao segmento do Petróleo e Gás.
Em 2006, a Petrobras lançou dois modelos de relacionamento com as Universidades e os Institutos de Pesquisa nacionais, fortalecendo e aperfeiçoando ainda mais o histórico de parceria tecnológica com a Comunidade brasileira de Ciência e Tecnologia. O modelo de redes temáticas adotado pela Petrobras aborda aspectos tecnológicos de interesse estratégico da Companhia. Os projetos serão desenvolvidos através de redes colaborativas entre instituições de reconhecida competência nos temas selecionados. Com o projeto, foram criados sete núcleos em regiões de intensa atividade operacional da Companhia, com uma instituição de ensino e pesquisa responsável por desenvolver atividades voltadas para o atendimento das demandas tecnológicas específicas da sua região. A implantação dos Núcleos Regionais de Competência visa executar atividades voltadas para a reforma e criação de infra-estrutura, formação e capacitação de recursos humanos, desenvolvimento de projetos de Pesquisa & Desenvolvimento e prestação de serviços tecnológicos de interesse da Petrobras, em especial de seu Centro de Pesquisas e das Unidades de Negócios da região. O Núcleo da Bahia é a UFBA.
Petrobras criará na Bahia um núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento – P&D na área de petróleo e gás. A criação desse núcleo no Parque Tecnológico, em parceria com universidades baianas, tem a idéia de englobar laboratórios de pesquisa e infra-estrutura, atuando na busca de soluções tecnológicas que agreguem valor à cadeia de petróleo e gás.  Dentre as áreas previstas para serem desenvolvidas está a pesquisa de novas tecnologias para refino de petróleo e o desenvolvimento de combustíveis menos poluentes.
















Considerações

Esse trabalho abre um leque para nortear pesquisas a cerca do que há de mais recente em relação à Pesquisa e Tecnologia na Bahia.
Na Bahia o Governo tem investido significativamente em pesquisa e tecnologia através da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia – Secti que realiza uma articulação com a comunidade científica, do Centro Vocacional Tecnológico Territorial – CVTT, voltado para a mandiocultura em Tancredo Neve e do Centro de Educação Cientifica de Serrinha, concebido com a finalidade de promover a inclusão social de crianças e adolescentes da rede de ensino público do semi-árido baiano.
O Parque Tecnológico de Salvador tem a perspectiva de abrigar um consórcio de pesquisas universitárias, incubadoras e empresas de base tecnológica. O Centro de Estudos Afro-Orientais – CEAO, Fundação de Apoio à Pesquisa e à Extensão – FAPEX e o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento - CEPED que são instituições ligadas à universidade Federal e Estadual da Bahia apresentam ações relevantes, em relação à tecnologia, assim como as demais empresas e instituições supracitadas que desempenham papéis de grande importância no cenário baiano. Agregando os valores do desenvolvimento sustentável e da pesquisa científica.
Vale ressaltar que o Governo e as instituições apresentadas nesse trabalho têm demonstrado interesse em criar mecanismos viáveis ao acesso de diversos segmentos da sociedade a tecnologia por meio de Centros com laboratórios bem equipados e recursos financeiros de incentivo a pesquisa. Favorecendo a ampliação do conhecimento, estimulo e incentivo ao crescimento sócio, econômico e cultural na sociedade baiana.



Referências

 CPqGM, Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz. Rua Waldemar Falcão, 121, Candeal - Salvador/BA CEP: 40296-710 Tel. (71) 3176-2200 - FAX (71) 3176-2327. Disponível em: http://sdcidad.blogspot.com/2010/04/centro-de-pesquisas-goncalo.html http://www.bahia.fiocruz.br/?area=01X05   http://www.revistasustentabilidade.com.br/pesquisa-e-inovacao/parque-tecnologico-da-bahia-em-construcao-tera-grupo-de-pesquisadores-baianos-e-alemaes
LACEN, Laboratório Central. Disponível em: http://www.saude.ba.gov.br/lacen/pagina.aspx?m=Pesquisa
AGECOM - Assessoria Geral de Comunicação Social do Governo do Estado da Bahia agecom@agecom.ba.gov.br 55 71 3115-6468 CAB, 3ª Avenida, nº 390, Plataforma IV, 1º andar, Paralela. CEP: 41.745-005 Salvador - Bahia – Brasil disponível em: http://www.comunicacao.ba.gov.br/informes/2010/copy5_of_01/18/21.06-inauguracao-do-centro-de-educacao-cientifica-de-serrinha
IINN-ELS Instituto Internacional de Neorociencia de Natal Edmond e Lily Safra Disponível em: http://www.natalneuro.org.br/sobre_iinn/index.asp
SANTOS, Antonio Silveira R. dos. Artigo sobre Biodiversidade, Bioprospecção, Conhecimento Tradicional e o Futuro da Vida Disponível em:  http://www.ccuec.unicamp.br/revista/infotec/artigos/silveira.html
ORT - Organização, Reconstrução e Trabalho – Instituto de Tecnologia. Disponível em: http://www.ort.org.br/biotecnologia/o-que-e-biotecnologia
Secretaria Estadual de Ciências, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia  http://www.secti.ba.gov.br/index.php/sobre-a-secti.html
CEAO, Centro de estudos afro-orientais. Disponível em:  http://www.ceao.ufba.br/2007/livrosvideos.php
FAPEX – Fundação de Apoio à Pesquisa e à Pesquisa. Disponível em: http://www.fapex.org.br/fundacao/Default.aspx
As pesquisas na Bahia sobre os afro-brasileiros/Entrevista de Waldir Freitas Oliveira disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142004000100012

Victor Seabra Núcleo de Jornalismo Assessoria de Comunicação. Disponível em: http://www.uneb.br/2010/10/07/uneb-vai-investir-r-5-milhoes-em-pesquisa-e-pos-graduacao/

Instituição - Centro de Pesquisas e Desenvolvimento - CEPED http://www.ceped.ba.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=78&Itemid=191





















Anexos





A sobrecarga de atividades sobre os coordenadores, pesquisadores mais experientes, é outra característica marcante dos grupos. A participação desse coordenador na seleção do material e transmissão dos conhecimentos básicos é essencial e decisiva no início do processo de aprendizagem (MUNDIN, 2001). Após orientação inicial, o aluno continuará sua trajetória intelectual de maneira mais independente, mas ainda assim o acompanhamento do professor será fundamental.
De acordo com Maculan e Furtado (2000), o maior desafio enfrentado pelos grupos de pesquisa diz respeito à cooperação com empresas. A incorporação e aplicação dos conhecimentos gerados no meio industrial é um dos maiores desafios. Segundo os autores, com poucas exceções, os grupos de pesquisa brasileiros se apresentam pouco vinculados aos sistemas produtivos, impedindo a transferência de conhecimentos nos dois sentidos. Uma das explicações seriam as dinâmicas distintas de produção do conhecimento. Enquanto grupos de pesquisa mantêm o caráter de pesquisa científica e avançada, as empresas buscariam conhecimentos para a solução de problemas técnicos de curto prazo.
Todos os desafios apresentados devem ser enfrentados e ultrapassados, já que a atuação dos grupos de pesquisa é fundamental para a inovação e a criação dos conhecimentos necessários ao desenvolvimento econômico e social (STRAUHS; ABREU; RENAUX, 2001). A gestão do conhecimento apresenta-se com um dos principais instrumentos.


5 - A gestão do conhecimento em grupos de pesquisa
De acordo com Strauhs et al. (2001), a alta rotatividade dos alunos representa uma perda para o grupo de pesquisa, pois importantes conhecimentos e ativos intangíveis acompanham o aluno que deixa o grupo. Segundo os autores, perdem-se competências, formadas pela união dos conhecimentos e experiências de todos os pesquisadores (STRAUHS; ABREU; RENAUX, 2001).
Segundo esses autores, o ideal seria que a saída de um integrante do grupo de pesquisa fosse precedida de uma fase de " [...] transferência do conhecimento adquirido [...] para os outros integrantes" (STRAUHS et al., 2000, p. 25). Trata-se de uma visão simplificadora. A solução, no contexto da GC, é mais complexa do que uma mera fase de transição. Independente disso, a menção é um reconhecimento da importância da GC por pesquisadores não envolvidos com o tema; mais imparciais, portanto.
Além disso, iniciativas de gestão do conhecimento podem ser direcionadas aos grupos de pesquisa com os objetivos de: estimular a criação de conhecimentos continuamente; estimular o compartilhamento dos conhecimentos além das fronteiras do grupo de pesquisa; acompanhar a evolução do nível de conhecimento dos integrantes do grupo; permitir o acesso, a geração e a organização das informações geradas no mundo (RENAUX et al., 2001).
Brand (1998) demonstra, a partir da experiência da 3M, que a conversão tácito-tácito do modelo de Nonaka; Takeuchi (1997) é fundamental para favorecer a gestão do conhecimento em organizações cujo objetivo principal é a inovação, tal qual em grupos de pesquisa, resultado este reforçado por Al-Beraidi; Rickards (2006) e Andriopoulos (2001).
Com a participação do grupo em redes de pesquisa a gestão do conhecimento assume ainda maior importância. Os modelos de GC deveriam apoiar também o compartilhamento com outros grupos de pesquisa e, idealmente, incluir empresas ou outras organizações que porventura participem da rede. Ampliam-se os desafios da conversão e retenção do conhecimento gerado.
As problemáticas da GC aplicada a grupos de pesquisa e da GC aplicada às redes são pouco conhecidas e não foram encontrados modelos teóricos durante a revisão. Fez-se necessário criar um referencial específico para o trabalho. Optou-se por fazê-lo a partir de referências de trabalhos correlatos: tanto de GC aplicada a organizações com alto nível de inovação, quanto trabalhos sobre o funcionamento de grupos de pesquisa. São eles: Silva (2002); Silva et al. (2003); Sato (2001); Latour e Woolgar (1997); Leonard e Straus (1997); Bauer e Macedo (2000); Marcovitch e Baião (1999); Mosconi (2003); Amaral et al. (2003) e Souza (2004). A próxima seção descreve o modelo teórico utilizado.
                 
6 - Modelo teórico empregado na pesquisa
As organizações têm sido analisadas e consideradas a partir da abordagem por processos de negócio (GONÇALVES, 2000). Iniciativas em gestão do conhecimento (GC), mais modernas também, têm sido realizadas a partir da visão de processos da organização.
O levantamento bibliográfico procurou, então, identificar a definição do processo de pesquisa e as atividades que a compõem. Como não foram encontradas referências específicas, fez parte da pesquisa a sua identificação. Utilizou-se como ponto de partida o trabalho de Latour e Woolgar (1997) que, a partir de um enfoque antropológico, descreve o processo de pesquisa científica.
O processo de pesquisa foi definido como o conjunto de atividades pelas quais um pesquisador planeja e realiza um projeto de pesquisa, considerando o seu fim como sendo a divulgação do trabalho (por exemplo: defesa da dissertação ou tese). A versão inicial de modelo teórico de processo de pesquisa foi definida guiando-se em Latour e Woolgar (1997). Foram identificadas 9 fases segundo a referência citada, são elas:
·         definição de linha de pesquisa e tema;
·         aquisição de recursos;
·         seleção do aluno;
·         adaptação do pesquisador ao grupo;
·         elaboração do projeto de pesquisa;
·         coleta de dados;
·         análise dos dados;
·         e divulgação dos resultados parciais e finais.
A revisão bibliográfica sobre pesquisa científica demonstrou também que esse processo é intimamente ligado à gestão do conhecimento. No decorrer da pesquisa científica, vários conhecimentos são absorvidos, criados e divulgados (LIYANAGE et al., 1999).
As atividades do processo de pesquisa que contribuem para os ciclos de transformação do conhecimento são denominadas, neste trabalho, de práticas de gestão do conhecimento, pois são atividades ou iniciativas que promovem a gestão do conhecimento durante o processo de pesquisa. Além dessas atividades, incluem-se os contatos realizados por meio de redes informais, comunidades de interesse e comunidades de prática, as quais também contribuem para a transformação e disseminação do conhecimento. Um processo de pesquisa e suas práticas em gestão do conhecimento resultam na formação de pessoas, publicações e patentes, já em casos mais raros, produtos.
Com o intuito de realizar esta análise, empreendeu-se um levantamento da bibliografia sobre o tema, que permitiu identificar 42 práticas de gestão do conhecimento, específicas para grupos de pesquisa. Elas foram agrupadas segundo as fases do processo de pesquisa e são descritas na Tabela 1. Ao final de cada prática identifica-se a fonte bibliográfica.







7 - Método
7.1 Escolha do método
Em relação ao seu objetivo, a pesquisa pode ser classificada como descritiva e qualitativa, pois procura descrever as características de um determinado fenômeno (CERVO; BERVIAN, 1983); há a preocupação com a atuação prática (GIL, 1999) e o objeto de pesquisa não é medido através de métodos e relações objetivas, e sim através da verificação de relações entre várias situações e aspectos subjetivos.
A estratégia, de acordo com a classificação de Yin (1994), é o estudo de caso. A coleta de dados pode ser classificada como entrevista em profundidade, segundo Roesch (1999), pois esta forma é adequada para pesquisas qualitativas realizadas em situações e contextos que não foram previamente estudados. A estratégia adotada mostrou-se capaz de lidar com a quantidade de grupos e restrições de tempo. Delineamentos mais profundos e de emersão, tais como observação direta ou mesmo pesquisa ação, apesar de interessantes, seriam inviáveis devido ao tempo disponível para a realização da pesquisa.


8 - O problema geral

O relacionamento entre pesquisa acadêmica, pesquisa básica e pesquisa aplicada é uma das questões fundamentais de política científica e tecnológica em todas as áreas de conhecimento. Essencialmente, esta questão tem a ver com as motivações do pesquisador e com o destino, ou a apropriação social dos frutos de seu trabalho. Para efeito desta pesquisa, entenderemos por "pesquisa acadêmica" aquela que tem por motivação a descoberta de fenômenos empíricos importantes, que possam avançar o conhecimento em determinado campo, de acordo com o consenso da comunidade de especialistas. Por "pesquisa aplicada" entenderemos aquela que tem um resultado prático visível em termos econômicos ou de outra utilidade que não seja o próprio conhecimento; e por "pesquisa básica" aquela que acumula conhecimentos e informações que podem eventualmente levar a resultados acadêmicos ou aplicados importantes, mas sem fazê-lo diretamente.

A questão do relacionamento entre as diversas formas de pesquisa científica tende a ser colocada usualmente de forma abstrata, como oposição entre dois modelos alternativos de entender e justificar o trabalho científico. O primeiro modelo privilegia a pesquisa acadêmica, como aquela mais capaz de levar ao desenvolvimento intelectual e à criatividade dos cientistas, o que levaria ao desenvolvimento dá pesquisa aplicada como sub-produto; o segundo privilegia a pesquisa aplicada, vendo nela a forma de vincular o trabalho científico com as necessidades econômicas e sociais e entendendo a pesquisa mais acadêmica como simples investimento necessário ao melhor encaminhamento dos trabalhos aplicados.

A confrontação abstrata entre estes dois modelos tende a ignorar a realidade com a qual trabalham os cientistas, que é sempre o resultado de uma combinação entre demandas, expectativas e aspirações nem sempre coincidentes ou convergentes. Cientistas são chamados a fazer pesquisas acadêmicas, a dar aulas em cursos de graduação e pós-graduação, se preocupam em contribuir para atividades socialmente relevantes, zelam por suas carreiras profissionais, e buscam trabalhos que lhes dêem rendimentos satisfatórios. Nem todas estás atividades são necessariamente convergentes: dar aulas tira tempo de pesquisa, a pesquisa acadêmica pode favorecer o reconhecimento profissional do cientista (e, por conseguinte, sua carreira a longo prazo) mas afastá-lo de trabalhos socialmente mais relevantes e melhor remunerados, e assim por diante.

O reconhecimento desta complexidade, diversidade e diferenciação da atividade científica não deve levar ao abandono dos esforços por entender e explicar o que ocorre a partir de um contexto conceitual mais sistemático e ordenado. A estratégia que utilizaremos para isto será a de considerar os dois modelos indicados acima como dois "tipos ideais" que possam servir de parâmetros para a análise; a eles acrescentaremos um terceiro, menos freqüente na literatura de sociologia da ciência, mas bastante importante, que é o modelo da ciência como atividade tecno-burocrática.

 9 - Relevância geral da pesquisa


É possível resumir a relevância geral dá pesquisa nos seguintes itens:
a. ela permitirá ter uma idéia bastante concreta, e não mais normativa ou especulativa, a respeito do relacionamento efetivo entre o trabalho científico que se realiza no Brasil e os diversos objetivos que diversos setores da sociedade esperam da ciência: contribuir para o desenvolvimento econômico-social, contribuir pára o conhecimento enquanto tal, melhorar o nível do sistema universitário do país, permitir o fortalecimento de certas organizações e instituições.

b. ela permitirá ter uma idéia bastante realista a respeito de duas comunidades científicas"de ponta" no Brasil de hoje

c. ela ajudará a desenvolver uma metodologia de pesquisa e uma abordagem teórica ao problema do desenvolvimento científico do país até hoje não tentada no Brasil.

d. ela dará continuidade ao trabalho iniciado no estudo do GEDEC a respeito do desenvolvimento das ciências naturais no Brasil, trazendo-o à atualidade.
Ao conhecer de maneira mais real e concreta o funcionamento destas duas comunidades científicas, a pesquisa poderá contribuir para responder perguntas do seguinte tipo:
a. pesquisas acadêmicas e aplicadas tendem a ser complementares ou contraditórias; nos casos estudados?

b. de que forma vêm se organizando e se desenvolvendo as comunidades científicas em função das diversas demandas e motivações que possuem?

c. qual a importância da vinculação entre os cientistas e os programas de pós-graduação, do ponto de vista da utilidade social e da qualidade de seus trabalhos?

d. qual o papel de instituições de pesquisa não universitárias, no mesmo ponto de vista?

e. qual o grau de autonomia ou dependência destas comunidades em relação a centros científicos no exterior? Em que medida elas já se constituem em núcleos auto-referidos, capazes de desenvolvimento auto-sustentado?

f. Como estão estruturadas internamente estas comunidades, e qual o papel de congressos, simpósios, associações profissionais, etc., para seu funcionamento?
Respostas a estas perguntas permitirão, se espera, o desenvolvimento de políticas científicas mais sofisticadas e mais sintonizadas com a realidade dos diversos setores da comunidade científica nacional do que tem sido possível até então. Na medida em que a (política de) pesquisa seja feita com a participação ativa dos próprios cientistas, ela permitirá também que eles aumentem a consciência de suas dificuldades, potencialidades e possíveis caminhos de melhora e crescimento.


10- Referencias bibliográficas

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R. Bendix, "Science and the Purposes of Knowledge". Social Research, 42, 2, 1975.

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Cottrel, Alan. "The rise and fall of science policy", New Scientist , 72, 1976.

Crane, Diana Invisible Colleges Chicago, 1972.

Etzioni, A. The Semi-Professions and their organizations. New York, 1967.

 CHIAVETO,I.Gestão de Pessoas.
Rio de Janeiro, Campus, 1999.

MaXIMIANO, Antônio C.A. Teoria geral da administração: Da Escola Científica `Competitividade na Economia Globalizada. São Paulo: Atlas,2000.

LIMA, Karina Kuhl de. Amaral, Daniel Capaldo. Práticas de gestão do conhecimento em grupos de pesquisa da rede Instituto Fábrica do Milênio, maio-agosto 2008