sábado, fevereiro 17, 2007

O PROGRAMA BRASILEIRO DE BIODIESEL E AS UNIVERSIDADES

Eis aí uma ótima oportunidade de engajamento direto das universidades públicas brasileiras num programa de desenvolvimento.Claro que com um pouco mais de desprendimento poderia haver a participação também das universidades privadas. De fato, o Programa Brasileiro de Biodiesel busca atrelar o país numa das mais importantes agendas da atualidade: o risco ecológico do combustível mineral não renovável, devido ao aquecimento do planeta, e a solução bioenergética renovável, limpa, de forte cunho social e melhor distribuição dos benefícios econômicos.

Sabe-se que a emissão dos gases resultantes da queima dos combustíveis derivados do petróleo, contendo monóxido de carbono, enxofre e óxidos de nitrogênio, é uma constante agressão ao meio ambiente das grandes cidades e tem contribuído fortemente para o aumento do efeito estufa, ou o aquecimento progressivo das temperaturas médias do planeta. O biocombustível, por não promover tais agressões, tem se mostrado como a mais viável saída para as questões ambientais globais. Muitos países, entre eles o Japão, já autorizaram a mistura dos combustíveis de biomassa nos derivados de petróleo a fim de iniciar a reversão dos gases agressivos.

Para se ter uma alta produção de biocombustíveis capaz de ser misturada, ou até vir a substituir os combustíveis fósseis, é necessário muita área agricultável. Poucos são os países do mundo que dispõem de 80 milhões de hectares. Além da área, tecnologia para a fase agrícola e para a fase industrial, afunilando mais ainda o número de pretendentes. O Brasil, porém, dispõe de todos os requisitos.

O programa do biodiesel não deve repetir os equívocos do proálcool de 30 anos atrás. Podendo utilizar matérias primas oriundas de várias culturas agrícolas, o biodiesel pode ter sua produção regionalizada, promover a fixação do homem do campo na atividade agrícola e, na região do semi-árido nordestino, envolver a agricultura familiar com APL e cooperativas.

Nas suas multidisciplinaridades, há espaços para as universidades fomentarem os arranjos produtivos locais – APL, organizarem cooperativas, desenvolverem plantas pilotos, fazerem análises químicas, estudos de solos, estudos de controles de pragas, pesquisas de melhorias genéticas das plantas, análise de “filière” da cadeia produtiva, estudos regionalizados de custos, estudos logísticos, treinamento em gestão, desenvolvimento de motores OVN, etc. São muitas as possibilidades de atuação.

A Universidade do Estado da Bahia – Uneb, também vocacionada para programas de inclusão social, poderia abraçar o desafio de desenvolver na Bahia a produção piloto de biodiesel, partindo de óleo usado de fritura doméstica e promover sua transesterização. Há uma enorme quantidade de óleo usado de fritura, em milhões de lares baianos, para ser transformado em biodiesel. E a Uneb dispõe da área do Ceped, em Camaçari, muito adequada para esta iniciativa social e desenvolvimentista. Com a capilaridade de seus vinte e sete departamentos, cobrindo quase todas as regiões do Estado, mobilizaria os vários cursos de sua comunidade acadêmica em prol deste programa de extensão, contribuindo para uma das mais esperançosas ações de inclusão através do trabalho.

É um programa com a cara da participação social, da inclusão, do ecologicamente correto, uma rara oportunidade do Brasil criar seu petróleo verde e formar aqui seu próprio golfo pérsico. Apoiemos o Programa Brasileiro de Biodiel.

NOVOS PAÍSES SE DESTACAM NOS CENÁRIOS DO MUNDO

Em vários períodos as nações vão construindo suas participações nos cenários do mundo. No passado, como agora, cada povo tem uma contribuição a dar e um conceito a construir. Do passado ainda convivemos, arqueologicamente, com a exuberância das civilizações egípcia, chinesa, grega, romana e até a asteca. Sabe-se que a maior pirâmide do mundo está no México, outrora território da civilização asteca.

A saga das nações deságua, nestes dois últimos séculos, nas chamadas nações européias colonizadoras. Inclue também os colonizados de sucesso, como os Estados Unidos, Austrália e Canadá, por exemplos. Numa trajetória temporal mais ampla, percebe-se países que em certas épocas já foram importantes e que em outras épocas conheceram a pobreza e o ostracismo.

Em limiar do século 21 a Índia tenta reverter anos de pobreza e reconstruir a sociedade próspera de 4000 anos atrás. Conta com a absorção, a criação, o uso e a venda de novas tecnologias por parte de sua elite ainda pequena, porém muito empreendedora. Esta elite quer arrastar consigo milhões e milhões de indianos, educando-os, modernizando-os e, principalmente, melhorando suas qualidades de vidas.

A China cresce num ritmo acelerado há mais de quinze anos. Não se percebia, mas os chineses vinham dobrando seu produto nacional a cada cinco anos. É um ritmo alucinante que tirou da pobreza de US$1,00 / dia mais de 150 milhões de chineses nos últimos oito anos. Restam apenas 25 milhões de chineses com renda igual ou abaixo de US$30,00 / mês. Nesse ritmo de crescimento a China começa a desbancar a Alemanha como a terceira maior economia do planeta. Em 2006 sua produção atingiu US$2,69 trilhões. Os prognósticos acenam que em 2040 será a maior economia do mundo, superando os EUA, conforme o Banco de Investimentos Goldman Sachs. A China já produz quase 17% da riqueza mundial. O país quer reviver seu mito da época da idade média e do início do século 19, quando chegou a produzir 35% da riqueza do mundo.

Embora fugaz, no início do século 20 o Brasil conheceu, com a borracha, um surto incomum de renda. A moeda nacional se rivalizava com as principais moedas estrangeiras e foi o suporte para finalizar a ocupação nacional da região amazônica. Mas não investimos na tecnologia da produção de borracha, de forma que a saída de algumas mudas de seringueira, levadas pela Inglaterra para a Ásia, mudou o que seria um curso favorável de nossa história. Melhores técnicas produtivas, aumento da produtividade e melhoria da produção asiática desbancaram o Brasil. Hoje o país quer aproveitar aquela amarga experiência e fazer valer seu peso em conhecimento e produção de biocombustíveis. Estamos investindo na tecnologia de produção de álcool e de biodiesel e estamos nos apresentando para o mundo como uma solução em energia renovável e não poluente. Podemos ser o maior produtor de petróleo verde, gerando renda e boa qualidade de vida para a população brasileira. Estamos construindo o cenário atual sendo muito mais cuidadosos e mais atentos.